Criolipólise: O que acontece com a gordura?

Que a criolipólise é o tratamento do momento para as temidas gorduras localizadas já não é novidade. Mas acerca deste assunto, diversos “mistérios” ainda são muito discutidos entre os profissionais da estética, que buscam comprovação e teorias científicas para a redução de 20 a 25% da gordura localizada no local tratado com a técnica, após a exposição ao frio, com seu resultado final por volta do 3º mês pós-procedimento.
Assunto polêmico e que necessita de muita, mas, muita investigação científica para que não haja tantas controvérsias, vamos lá, esclarecer as dúvidas com o que temos de base científica.

A criolipólise é uma técnica que deve ser utilizada em áreas com pequena a moderada quantidade de gordura localizada. É um procedimento não invasivo, realizado com um equipamento que dispõe de pressão negativa para que se possa realizar a prega cutânea durante o procedimento, associado ao resfriamento do tecido em cerca de -5° C por um período entre 50 a 60 minutos.

Este resfriamento (acima dos níveis de congelamento, mas abaixo da temperatura corporal), baseia-se em efeitos sistêmicos produzidos no organismo que interferem no equilíbrio térmico e ativam os mecanismos de termorregulação. Desta forma promove uma paniculite localizada e modulação da gordura.

Esse resfriamento resulta cristalização dos lipídios encontrados dentro do citoplasma dos adipócitos, causando inviabilidade dessas células, resultando na paniculite e, consequentemente, na apoptose. Com tantos resíduos celulares promove-se um processo de fagocitose que decorre do processo inflamatório, neste processo os macrófagos serão responsáveis pela limpeza do sítio inflamatório (ou digestão e remoção das células lesadas), sem provocar alteração no micro ambiente celular. Essa resposta inflamatória adicional pode causar danos aos adipócitos não imediatamente afetados a exposição ao frio.

A exposição ao frio aumenta a necessidade de produção de calor pelo corpo com o intuito de promover a homeotermia (equilíbrio da temperatura corporal) através da liberação de hormônios pelo hipotálamo, que vão induzir a utilização de ácidos graxos livres como substratos energéticos nas mitocôndrias, promovendo desta um dispêndio de energia e, consequentemente, aumento das taxas metabólicas.

Com relação a apoptose há controvérsias, alguns autores defendem a ideia que o processo inflamatório culmina na morte celular programada, causando apoptose e precedendo a redução da gordura localizada e na diferenciação celular, nesta teoria, para que a apoptose ocorra, a célula recebe um comando para se autodestruir, então reduz seu tamanho, quebra a cromatina em pedaços e desta forma torna-se facilmente fagocitada. Já outro autor defende a ideia de que a gordura é metabolizada pela via natural do metabolismo de gordura, essa teoria explica o porquê da associação da atividade física aeróbica para um melhor resultado do tratamento.

Após a apoptose o processo inflamatório tem seu pico em torno do 14º dia pós-procedimento e fagocitose até 30 dias. O resto do processo inflamatório, bem como os lipídeos, são metabolizados no prazo de até 90 dias.

Entendendo esse processo pós-criolipólise foge-se da ideia que a gordura é eliminada por vias excretoras de urina e fezes. Se assim fosse, faríamos teste para dislipidemia e triglicérides via urina e não com coleta sanguínea e, indo mais longe, se essa gordura fosse excretada por vias intestinais sem interferência do metabolismo não teríamos obesidade.

 

Por isso, senso crítico sempre e, acima de tudo ciência e conhecimento da técnica. Isso traz segurança ao profissional e ao cliente. Preparo profissional e Estética como Ciência já!!!

 

 

 

Referências Bibliográficas

– Fonseca, Miriam H. et al. O Tecido Adiposo Como Centro Regulador do metabolismo. Arq Bras Endocrinol Metab, vol. 50, nº. 2. Abril, 2006.

– Avram, Mathew M. et al. CryolipolysisTM for Subcutaneous Fat Layer Reduction. Lasers in Surgery and Medicine 41:703–708, 2009.

– Nelson, Andrew A. et al. Cryolipolysis for Reduction of Excess Adipose Tissue. Semin Cutan Med Surg 28:244-249, 2009.

– PAULA, Kênia M. da; VIEGAS, Paula B.; SILVA, Paula G. Apoptose para o Bem e para o Mal. Revista de Biologia e Ciências da terra. Volume 2 – Número 2, 2002.

 

 

 

Dra. Paula França Coordenadora Pedagógica do Ibeco. Fisioterapeuta Dermatofuncional. Líder Coach.
Dra. Paula França
Coordenadora Pedagógica. Fisioterapeuta Dermatofuncional. Líder Coach.