Estética
Microagulhamento com injúria traz resultados?
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O Microagulhamento é uma técnica que vem sendo amplamente utilizada na estética com o intuito de drug delivery (entrega de princípio ativo), estimular colágeno no rejuvenescimento facial, para tratamentos de cicatrizes de acne e estrias.
É uma técnica que, embora pouco invasiva, não provoca a desepitelização total da pele, mantendo desta forma a pele com uma menor perda da hidratação, além do retorno mais precoce à atividades diárias.
Muito se fala sobre os benefícios e formas de aplicação, porém diversos profissionais não entendem o que ocorre com a fisiologia e como estes resultados tão interessantes “aparecem”.
Pois bem, vamos explicar a injúria como recurso para melhora desses quadros.
Esses benefícios giram em torno da cascata inflamatória. Para que isso ocorra, o trauma provocado pelas microagulhas deve atingir uma profundidade na pele de 3 mm com perfuração da epiderme (Fernades, 2006).
Quando as microlesões são criadas através do rolamento, com o roller que contém microagulhas, resulta em colunas de coleção de sangue na derme. Junto a esta coleção temos o edema e a homeostasia, praticamente imediatos. A intensidade das reações é proporcional ao comprimento da agulha utilizada no procedimento.
A indução percutânea de colágeno inicia-se com a perda da integridade da barreira cutânea, tendo como alvo a dissociação dos queratinócitos, que resulta na liberação de citocinas como a interleucina -1α, predominantemente, além da interleucina-8, interleucina-6, TNF-α e GM-CSF, resultando em vasodilatação dérmica e migração de queratinócitos para restaurar o dano epidérmico (Bal, Pavel, Boustra, 2008).
Podemos citar as três fases da reparação tecidual após a injúria provocada pelo trauma com o microagulhamento.
A primeira fase é a fase de injúria, logo após a injúria (lesão) ocorre a liberação de plaquetas e neutrófilos responsáveis pela liberação de fatores de crescimento com ação sobre os queratinócitos e os fibroblastos, como os fatores de crescimentos e transformação (TGF–α e TGF-β), o fator de crescimento derivado das plaquetas (PDGF), a proteína III ativadora do tecido conjuntivo e o fator de crescimento do tecido conjuntivo ( Lima, Lima e Takano, 2013).
Já na segunda fase ou fase de remodelamento, os neutrófilos são substituídos por monócitos e ocorrem angiogênse, epitalização e proliferação de fibroblastos, seguidas da produção do colágeno tipo III, elastina, glicosaminoglicanos e proteoglicanos. Paralelamente, o fator de crescimento dos fibroblastos, o TGF-α e o TFG-β são secretados pelos monócitos.
Aproximadamente cinco dias depois da injúria, a matriz de fibronectina está formada, possibilitando o depósito de colágeno logo abaixo da camada basal da epiderme (Lima, Lima e Takano, 2013).
Na terceira fase ou fase de maturação, o colágeno tipo III vai sendo substituído pelo colágeno de tipo I, este resultado persiste por cerca de 5 a 7 anos (Fernandes, 2006).
A intensidade da injúria vai determinar um melhor resultado. Podemos classificá-la como leve, moderada e profunda, sendo que a classificação dependerá diretamente do tamanho das agulhas utilizadas.
Todo resultado positivo depende da escolha adequada do tamanho das agulhas, afinal, essa determinação será nosso referencial de segurança, levando em consideração o biotipo cutâneo e fototipo.
Conhecimento baseado em ciência traz segurança e entendimento fisiológico de nossos resultados!
Referências Bibliográficas
Bal SM, Caussian J, Pavel S, Bouwstra J A. In vivo assessment of safety of microneedle arrays in human skin. Eur J of Pharm Sci. 2008; 35(3): 193-202.
Lima EVA, Lima MA, Takano D. Microagulhamento: estudo experimental e classificação da injúria provocada. Surg Cosmet Dermatol 2013;5(2):1104.
Fernandes D, Massimo S. Combating photoaging with percutaneuos collagen induction. Clin Dermatol. 2008;26(2): 192-9.
Fernandes D. Minimally invasive percutaneous collagen induction. Oral Maxillofac Surg Clin North Am. 2006;17(1):51-63.